Um dos fenômenos que mais preocupam democracias contemporâneas é o papel que plataformas digitais e seu modelo algorítmico teve em disseminar desinformação, catalisar polarização e ódio. Afetaram eleições e deram uma ferramenta poderosa ao extremismo. A regulação estatal dessas empresas passou a ser tema prioritário na agenda de defesa da democracia.
Em sua palestra na série International Dialogues in Constitutional Law, Mattias Kumm, da Universidade de Nova York (NYU) e da Universidade Humboldt de Berlim, discutiu como enfrentar o desafio de regular essas plataformas à luz dos valores do constitucionalismo global.
Market Imperatives and the public sphere: Constitutional Reflections on free speech and regulating private digital platforms
MATTIAS KUMM
Universidade de Nova York (NYU) e Universidade Humboldt de Berlim
13 de junho, 10h00
Largo de São Francisco, 95. Prédio histórico, auditório Rubino de Oliveira
Nas últimas décadas, os teóricos dos direitos têm argumentado que a proporcionalidade e a cultura da justificação são o cerne dos direitos fundamentais. Em sua palestra na nossa série International Dialogues, Kai Möller pretendeu mostrar que essa visão minimiza indevidamente os principais valores nos quais a tradição dos direitos fundamentais se baseia, a dignidade, a liberdade e a igualdade.
Beyond Reasonableness: The Dignitarian Structure of Human and Constitutional Rights
KAI MÖLLER
London School of Economics
22 de maio de 2023, 10h00
Largo de São Francisco, 95. Prédio histórico, auditório Rubino de Oliveira
A referência a decisões passadas é um tipo de argumento padrão em tribunais, não apenas em sistemas de common law. No entanto, se a decisão passada for de um tribunal estrangeiro, as coisas são mais complexas. Antonin Scalia, da Suprema Corte dos Estados Unidos, afirmava que a utilização de precedentes estrangeiros seria antidemocrática e ilegítima. Em sua palestra em nossa série International Dialogues, Matthias Klatt procurou: (1) demonstrar que a utilização de precedentes estrangeiros pode colocar tribunais diante de um dilema; (2) comparar esse dilema com outros com os quais estamos mais familiarizados na argumentação jurídica em geral; e (3) discutir como é possível justificar o recurso a precedentes estrangeiros. Em suma, o objetivo de Klatt foi demonstrar, entre outras coisas, por que Scalia estava enganado e, assim, fazer uma defesa do uso de precedentes estrangeiros como um tipo impecável de argumento jurídico.
The Use of Foreign Precedent
MATTHIAS KLATT
Universidade de Graz
26 de abril de 2023, 10h00
Largo de São Francisco, 95. Prédio histórico, auditório Rubino de Oliveira
Proporcionalidade e ponderação tornaram-se ferramentas corriqueiras na solução de controvérsias constitucionais em todo o mundo, inclusive no Brasil. Proporcionalidade, no entanto, não é sinônimo de ponderação; a primeira inclui outros testes que muitas vezes são ignorados pelos intérpretes e magistrados.
Em sua palestra, Martin Borowski, professor catedrático de direito público da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e um dos maiores especialistas em proporcionalidade, ofereceu uma refinada análise das diferenças e semelhanças entre necessidade e ponderação no âmbito do teste de necessidade.
Proportionality, necessity, and balancing
MARTIN BOROWSKI
Universidade de Heidelberg, Alemanha
26 de setembro, 10h00
Largo de São Francisco, 95 – Auditório Rubino de Oliveira – primeiro andar do prédio histórico
A relação entre o teste de proporcionalidade e o ativismo judicial é fonte de fortes controvérsias na literatura constitucional. Em sua palestra em nossa série International Dialogues in Constitutional Law, Niels Petersen procurou discutir a suposta ligação entre proporcionalidade e ativismo com base nas jurisprudências das cortes constitucionais da Alemanha, Canadá e África do Sul. Seu objetivo foi discutir a questão com base em dados empíricos.
Niels Petersen é professor na Universidade de Münster, na Alemanha, e autor do livro Proportionality and Judicial Activism, publicado pela Cambridge University Press.
Is proportionality an instrument of judicial activism?
NIELS PETERSEN
Universidade de Münster, Alemanha
2 de setembro, 10h00
Largo de São Francisco, 95 – Auditório Rubino de Oliveira – primeiro andar do prédio histórico
No dia 17 de outubro, nosso convidado foi o Prof. Dr. Christopher Mbazira, professor na Universidade Makerere, em Uganda. A partir da análise da jurisdição constitucional e do constitucionalismo em três países africanos (África do Sul, Quênia e Uganda), Mbazira identifica a existência de um diálogo judicial transnacional. Esse diálogo manifesta-se sobretudo por meio da interação direta entre juízes de países distintos e por meio da citação voluntária de votos de outras cortes.Mbazira defende que a melhor explicação para o fenômeno é a de que os juízes têm progressivamente ampliado a citação feita a decisões de cortes estrangeiras pois se identificam como pares. Assim, organicamente, eles têm passado a reconhecer semelhanças na agenda perseguida, nos métodos utilizados e nas finalidades buscadas pela estrutura institucional em que se inserem.
Para ilustrar essa relação, Mbazira apresentou um conjunto de exemplos concretos. Neste movimento, a África do Sul desponta como o país que encabeça as mudanças e inspira os outros países a emulá-las, como um líder do grupo. Ainda assim, nos últimos tempos, o Quênia também têm despontado como uma possível influência para as demais cortes no avanço em direitos. Isso se deu sobretudo por meio da adoção do novo texto constitucional, também influenciada por outros países. Dentre outros dispositivos, essa constituição estabelece que cabe ao Estado comprovar a ausência de recursos financeiros para custear políticas públicas.
Após a apresentação, Mbazira respondeu a perguntas da plateia, dentre elas: (i) sobre a possibilidade de denominar o fenômeno de diálogo se inexistem propriamente trocas entre as cortes, (ii) relacionadas às evidências da existência uma efetiva influência, e (iii) culminaram no convite à condução de uma reflexão normativa sobre as consequências deste fenômeno.
Relatório:Ana Laura Pereira Barbosa. Fotos: Artur Pericles Lima Monteiro e Fernanda Mascarenhas de Souza.
Uma constituição e um tribunal constitucional são capazes de transformar a realidade? Essa pergunta e as possíveis respostas a ela são o mote do próximo evento da nossa série, amanhã, dia 10 de outubro, às 10 h., com o Prof. Dr. Carlos Bernal Pulido, juiz da Corte Constitucional da Colômbia.
Sua palestra, seguida de debate, é intitulada Is Transformative Constitutionalism an Illusion for the Global South?. Além de juiz de uma das cortes constitucionais mais influentes da América Latina, Carlos Bernal é um dos principais constitucionalistas da atualidade, autor de vários livros e artigos nas principais revistas do mundo.
Is Transformative Constitutionalism an Illusion for the Global South
Carlos Bernal Pulido
Corte Constitucional da Colômbia
10 de outubro, 10h
Faculdade de Direito da USP, auditório do 1º andar
Poucos são os temas que suscitam mais controvérsias na atual conjuntura brasileira do que o financiamento da política, especialmente dos partidos políticos. Esse será um dos temas centrais de nosso próximo evento, na semana que vem.
Na quinta-feira, dia 10 de maio, às 10 h., o Prof. Dr. Udo Di Fabio, da Universidade de Bonn, e ex-juiz do Tribunal Constitucional da Alemanha dará uma palestra, seguida de debate, intitulada Political Parties: Constitutional Status, Financing and New Challenges.
Political Parties: Constitutional Status, Financing and New Challenges
Prof. Dr. Udo Di Fabio
May 10th, 10h
Faculdade de Direito da USP, auditório do 1º andar
Desde 2015, a nossa série International Dialogues in Constitutional Law tem sido um grande sucesso! A série continua neste ano de 2018. O primeiro evento será na semana que vem.
Na quinta-feira, dia 26 de abril, às 10 h., o Prof. Dr. Francisco J. Urbina (Pontificia Universidad Católica de Chile), dará uma palestra, seguida de debate, intitulada A Critique of Balancing and Proportionality. O Professor Francisco Urbina é um dos principais críticos do sopesamento e da proporcionalidade como formas de solução de conflitos jurídicos e aplicação do direito, e seu livro, com o mesmo título da palestra, publicado pela Cambridge University Press em 2017 é, sem dúvida, um marco importante nesse âmbito (para mais informações sobre o livro.
No dia seguinte, 27 de abril, também às 10 h, ele debaterá um working paper intitulado “Separation of powers: the minimal view”. É necessária inscrição para participar. As inscrições podem ser feitas pelo email dialogues@usp.br.
A Critique of Balancing and Proportionality
Prof. Dr. Francisco J. Urbina
26 de abril, 10h
Faculdade de Direito da USP, auditório do 1º andar